terça-feira, 25 de dezembro de 2007

O mar e tu...



O mar e tu...
E eu aqui desesperando na saudade tua, do teu abraço que não chega nunca...

domingo, 16 de dezembro de 2007

Estrela do mar...



Dedicado às mulheres do mar da ilha que um dia foi a minha ilha tambem

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Todo o tempo do mundo...



Eu sei
O tempo é todo o tempo do mundo
Sem horas. Bastas tu para que o tempo avance sem nós…
Quase nunca vens já e eu não sei a história para contar
Eu sei
Já não tenho memória…

domingo, 21 de outubro de 2007

Navio de espelhos...

Fico aqui
Interminavelmente, a imaginar-te, a vinda
À tua espera, tardiamente, a ida

João 2007

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Gymnopedie nº 1




És uma espécie de brisa
Com velas dos barcos que povoam os meus sonhos
Rodopias à volta dos meus braços
Enquanto eu, só, te imagino aqui
Neste jardim de amantes de outrora
E tu
Meiga
Contas-me segredos ao ouvido
E eu
Inebriado de ti
Dedilho-te. Um som límpido cristalino
Por entre os dedos
Espécie de piano longo de cauda
Onde a chuva pousa suavemente
Em lágrimas de orvalho frio
Enquanto o dia se deita
Agora cansado
Das voltas que dás por dentro de mim…


João 2007

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Quem é você?



Perguntas-me o que escrevo?
Invenções da memória. Respondi-te, o olhar tão distante...

João 2007

domingo, 9 de setembro de 2007

Esse sabor...



Oficio de amar

Já não preciso de ti
Tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
Tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e o remorso

Um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio
É lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
Não, não preciso mais de mim
Possuo a doença dos espaços incomensuráveis
E os secretos poços dos nómadas

Ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
Deixei de estar disponível, perdoa-me
Se cultivo regularmente a saudade de meu próprio corpo


O último coração do sonho, Al Berto

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Beijo...




...Outro dia e eu aqui, os olhos fechados a tentarem disfarçar o tempo das horas.
Deito-me. abandono-me nesta cama que já foi tua. Onde fizemos amor a primeira vez. Amortalho o pensamento, esqueço-me de mim próprio. Quando me deito fico numa espécie de êxtase, narcotizado. Uma espécie de torpor bamboleante, como se estivesse a bordo a dormir no meu pequeno beliche e o som da água de encontro ao casco a adormecer-me como uma canção de embalar...Quero adormecer e afastar-me de ti. Vou na boleia do veleiro que arreou as velas há pouco, e rumo a um sul sempre demasiado a sul de ti, e de mim...

...Amanhã, o dia será outra vez com vinte e quatro horas, e no alvor, os barcos lançam as redes em busca da sardinha cor de prata. E o sol vai nascer a leste de mim, por detrás das montanhas, e das hélices enormes na serra que aproveitam o vento a gerarem a energia limpa. O campo de milho vai estar lá, ali junto ao sopé da serra, separado pela estrada negra, e os carros vão passar para um lado e outro, rápidos. E por vezes, as ambulâncias com toda a aflição dos tempos, correm contra o tempo escasso. Os minutos que marcam a salvação ou a morte...

...Eu fico aqui, junto ao mar, como faço sempre. A envelhecer. Abandonado como uma carcassa de um velho barco. Na praia. A envelhecer de saudade. A envelhecer de amor. Nem eu sabia que o amor nos torna velhos e abandonados como os barcos que amo. Espécie de alma que os barcos tem....

" De subito desaba a tempestade" excerto,
João 2007

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Falamos depois...



...Até parece que não sou deste tempo. Sou. Mas sou muito ausente. Essa é a verdade que descubro aos poucos em mim. Restam-me as palavras a ti. Não te digo que te amo. Estaria a mentir. Porque para amar temos que ser dois, esta é uma constatação que observo. Temos que ser dois no mínimo e eu não existo. E tu és uma artista na tela da tal sala do cinema com as paredes negras e o som surround. E tenho no momento uma janela de onde observo a rua torta e deserta. O céu meio cinza que hoje choveu. Quatro rosas tardias numa cor rosada e lavada pela chuva. Um diospireiro quase sem folhas e sem frutos. E este é o mundo que observo no momento, o mundo real. E na rua, às vezes, mas raramente, passa um carro com pessoas dentro, que são outros mundos e outras histórias que não quero nem posso nem devo conhecer, porque são de outro tempo, o tempo delas. E o meu tempo é teu. Hoje é por inteiro teu. Hoje só tu existes em mim. És tu que bates ritmada no meu coração, o músculo grande e vermelho como as rosas de paixão que te falei és tu. E andas por dentro de mim, descobres-me todo na plenitude. Vais a cada poro do corpo, a cada vaso capilar, à ponta dos dedos, até à ponta dos meus cabelos já grisalhos. Descobres-me totalmente...

"Na minha cabeça passam muitas histórias ao mesmo tempo" excerto

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Cá estamos nós outra vez...


...Que te dizer se também eu sinto a ausência que escreves...Tens razão, resta-nos a memoria cada vez mais cansada. Um tremendo cansaço para guardar...
Podia dizer-te que escrevo para ti de memória. Em tua memória.

Não é verdade!

Escrevo uma invenção da memória a ver se coincide com a tua memória minha e te lembras de mim um dia e então regresses à minha memória de hoje em que me sinto angustiado...

João 2007

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Só aqui nas palavras ...



...Só aqui sinto os dias claros que passei contigo e todos os outros cinzentos quando foste embora.
Só aqui o poeta te escreve da saudade porque queria o tempo todo e um dia pode ser a eternidade...

"Só aqui nas palavras magoadas pelo silêncio eu te consigo achar", excerto.

João 2007

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Encosta-te a mim...




...Retomo as palavras. As minhas palavras. A minha escrita. Não importa que nunca venhas a ler o que escrevo dedicado a ti...

...Nada é importante agora porque ficam e são só palavras, e as palavras perdem-se no tempo, são frias porque nunca conseguem transmitir o que se sente por dentro. Mesmo que as palavras sejam as mais belas não passam de palavras estáticas e mortas. Só o sentir é vivo porque bate no peito, circula nas veias, nos faz sentir calor e frio ao mesmo tempo.

Todas estas palavras para te dizer que estou cansado e me sinto impotente, vencido. Tu ganhas, e não sei se alguma vez isto foi uma batalha. Mas tu ganhas. Preciso de um tempo, um pouco de tempo para descansar. O coração ressente-se de novo...

...Todos os marinheiros são loucos e temerários e sonham...

Adeus
Hoje parto para a minha ilha no outro lado do mundo...


"Foste um capítulo e eu queria que fosses um livro na minha vida" Excerto

João 2006

domingo, 1 de julho de 2007

Ilumina-me...



...Eu sei como és. Imagino como és, quero crer como és. E no meu pensamento tu és tudo o que eu quero que sejas, porque o pensamento é puro, se calhar não deste tempo tão conturbado, frio, e cruel. E imagino-te sempre por inteiro, esse é um facto, não te consigo imaginar pela metade ou por um terço, ou por um quarto. Se calhar existem pessoas que imaginam assim conforme os apetites ou as conveniências ou outra coisa qualquer. Eu não. Pode ser um defeito meu, mas quando imagino, imagino na plenitude, com pormenores, cores, cheiros, pequenas coisas que constroem a sensibilidade do olhar, a primazia do sentir, o momento único e inexplicável por palavras. O meu mundo imaginário é fantástico. É pena que não consiga trazer-te até ele e mostrar-te como verdadeiramente é. Como te sinto em mim. Mas isso é uma missão impossível porque está para além do mundo físico e visível. Uma sensação quase como a que sentimos ao ver um nascer do sol em mar alto, ou uma musica que nos penetra a alma.


Cartas 2006, Excerto

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Fala-me de amor...



...Escrevo porque não te posso falar. Não estás. Não me escutas. Se estivesses tudo era diferente. Pelo menos tentava não cometer os mesmos erros. E se quisesses partir de novo eu queria ir contigo desta vez. Porque da última vez que partiste nunca mais voltaste....

Nada sabes de mim, excerto

domingo, 17 de junho de 2007

Snow Goose...




Camel
no explendor.
Da banda e das musicas que me acompanharam até hoje...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Imagine...




...És o meu mar de sonhos proibidos
O meu cabo dos medos. O meu cabo das tormentas hoje que te desejo agora
e tu estás, mas verdadeiramente nunca estás...

E brilhas ao sol, excerto

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A noite passada....



Aqui vivemos muitos anos....

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Quem me leva os meus fantasmas...




...Parto perpetuamente rumo ao sul, e chego ao Tejo sem a esperança, a luz, ou o segredo que foste e carrego comigo. Ali, frente à imensidão, aos sonhos. Não vislumbro já as velas das caravelas. Este será sempre o meu Tejo que amo, sulcado por fragatas e varinos de memórias. Despido dos ideais, abandonado pelas Tágides, sem inspiração aos poetas. Viro a página em branco diária do caderno que me ofereceste. Enxugo as lágrimas das palavras feridas, com cuidado extremo.
Porque te escrevo sempre?...

Dez contos, excerto

domingo, 3 de junho de 2007

Epitaph...

Porque és assim. Tu sabes que sou eu, tu sabes.
A morte é uma porta verde. Espécie de prado do outro lado
Estremeço
Sinto o corpo em carne viva e as lágrimas não sei se brotam das orbitas ou caem com estrondo no coração.
Depois é o silêncio.

João marinheiro 2007

segunda-feira, 28 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007

Encontros e despedidas...



...Hoje espero por ti na nossa mesa do costume
E fico inquieto porque tu tardas!
Não sei se fui eu que cheguei cedo demais
Ou tu que já não voltas...

Reencontros, excerto

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Não queiras saber de mim...




...Os dias assim, que devemos manter no silêncio
Este silêncio, a estranha sensação do adeus...
As palavras de hoje que cortam como lâminas
Estranha sensação do momento
As palavras...

Chegamos a este sitio do caminho, excerto

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Cada lugar teu...




...Andei na beira-mar para te sentir na maresia
Molhei os pés na água fria
Agarrei a areia salgada desesperado
Porque me fugia entre os dedos
Como queria os teus dedos entrançados em mim
Fortes num abraço. O teu abraço que espero...

Esperava-te, excerto

domingo, 13 de maio de 2007

Faltando um pedaço...




...Espero um dia reencontrar-te por instantes. E então lembrar teu nome que gravei um dia no coração e nas tábuas do nosso banco, no jardim público onde meus lábios encontraram os teus...

Dez contos, excerto

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Conversar contigo hoje...




...Conversar contigo hoje dói-me, como me doía ontem que não estavas, ante ontem que continuavas a não estar, ou amanhã que não sei se estarás…

Esperei-te sempre, dediquei-te a minha escrita, os meus versos pobres. E tu, cada vez mais bonita, e eu, cada vez mais desesperado por te amar assim.
Que vai ser de mim agora que sei que partes. A quem dedico os meus versos? Estive sempre na esperança de um dia os leres, acho que não te interessa a leitura…
E conversar contigo hoje dói-me…

Conversar contigo hoje, excerto

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Eu sei que vou te amar...



…Já não tenho tempo de te dizer da alma dos velhos navios abandonados.
Tu não sabes que a velha grafia em Morse já não se usa, os rádios de onda curta tem os dias contados. Que existem os telefones satélite, os GPS, a televisão digital, os telemóveis 3G. Tu não sabes. Que podemos saber um do outro no instante preciso que queiramos os dois. Mas não te encontro, porque te esqueces do telefonema prometido.

Tu não sabes o que é a saudade pois não?

É preciso parar de prometer o que não se pode cumprir.
Para que o abraço não seja vazio do interior de nós.
É preciso parar de pensar.
Tu não sabes.
E eu já não tenho forças para pedir-te as tuas mãos uma vez mais e dizer-te a letra da canção.

…Eu sei que vou-te amar…

A última carta, excerto

terça-feira, 8 de maio de 2007

Nem um dia...



…Hoje não me apetece sair de casa, está frio e gosto de me recolher do frio, de me rodear de música e de livros e de um chá quente. Fico no aconchego da sala onde te escrevo e escuto a musica que me liberta, e me deixa o pensamento livre para te dedicar o tempo…dedicar-te o tempo a ti…

Cartas 2006, excerto

domingo, 6 de maio de 2007

Vais embora...



…Na minha cabeça continuam a passar histórias, e eu continuo a chamar-lhes histórias porque efectivamente não sei que outro nome lhes dar, porque não são amor, nem desejo, nem paixão, nem outra coisa parecida. Mas o que sinto quando sei de ti. As noticias poucas que chegam. É um estremecimento interior forte. E então sinto-te acelerada em mim. Um calor que se espalha ao corpo. O sangue aquece porque és tu a responsável pelas batidas do coração que tenho.

E isso não é amor é sobrevivência.

Divagação de ti, excerto.

Lembra de mim...



…Hoje soube de ti. Coisa breve. Um relâmpago da memória. Não és uma história inventada. Invento a tua ausência para te sentir próxima, isso invento, porque não te posso ter por perto. Mas também não tem importância, isso. Assim posso criar a tal obra do artista, uma espécie de escultura perpétua no tempo. Chamo-te de minha deusa. Parece uma coisa pagã. Minha deusa. Mas não é. Não sei ainda é outro nome para denominar esta escultura. Dou-me conta que não precisas de ser real. Dou-me conta que não precisas de ter um corpo físico belo e perfeito. Preciso só que existas em mim. A minha criação de artista e assim posso dedicar-te os meus pensamentos, as minhas palavras, a minha admiração silenciosa. O meu querer, quando fecho os olhos na esperança que chegues e me faças uma festa no cabelo, ou me brindes com o teu sorriso maravilhoso, ou me olhes de olhos nos olhos. O teu olhar que mais parece o sol.
Perdoa-me o não olhar-te de frente, de olhos nos olhos, é que o sol é muito forte e a minha vista já começa a dar sinais de fadiga, tenho que a proteger com uns óculos grandes, escuros, para que tu ao fitares-me, não possas ler e assim saberes o que o meu olhar revela e eu por timidez não tenho a coragem de te falar.
Escrevo-te. É outra forma de te falar….

Divagação de ti, excerto

segunda-feira, 26 de março de 2007

Um amor puro...




…Tu tens o dom de me tirar as palavras do pensamento e ele fica ocupado pela tua presença. A tua grandeza em mim. E eu sinto-me cada vez mais pequeno, a definhar nas palavras que já não sei dizer, porque se acabaram. És tu que ocupas o pensamento.
Sei perfeitamente que és um beco sem saída, uma rua de sentido único.
Tenho de rever todo o código que aprendi faz muitos anos atrás.
Não quero ser apanhado em contra mão. Quero só a tua mão na minha que é algo de completamente diferente e único.
A culpa não é tua. Não existe culpa. Existimos nós, e quando existimos nós, tudo o resto é acessório, portanto dispensável. A mesa do café, o empregado que nos serve os cafés e os outros pequenos pecados. Tudo pode ser dispensado. É como se não existissem. Fica só porque eu não me importo e tu também não, o pequeno pardal novito que se aquece ao sol em cima do muro, e do qual te chamei a atenção.

Ele pode ficar connosco porque também é puro…

Cartas 2006, excerto.