domingo, 1 de julho de 2007

Ilumina-me...



...Eu sei como és. Imagino como és, quero crer como és. E no meu pensamento tu és tudo o que eu quero que sejas, porque o pensamento é puro, se calhar não deste tempo tão conturbado, frio, e cruel. E imagino-te sempre por inteiro, esse é um facto, não te consigo imaginar pela metade ou por um terço, ou por um quarto. Se calhar existem pessoas que imaginam assim conforme os apetites ou as conveniências ou outra coisa qualquer. Eu não. Pode ser um defeito meu, mas quando imagino, imagino na plenitude, com pormenores, cores, cheiros, pequenas coisas que constroem a sensibilidade do olhar, a primazia do sentir, o momento único e inexplicável por palavras. O meu mundo imaginário é fantástico. É pena que não consiga trazer-te até ele e mostrar-te como verdadeiramente é. Como te sinto em mim. Mas isso é uma missão impossível porque está para além do mundo físico e visível. Uma sensação quase como a que sentimos ao ver um nascer do sol em mar alto, ou uma musica que nos penetra a alma.


Cartas 2006, Excerto