Resta-nos ainda a memória
agora que este ano cansado se despede em
tempo cronometrado ao milionésimo de segundo preciso...
Separa-nos uma linha invisível
Um traço leve a delimitar o contorno dos lábios
Vermelhos rubro cereja
Os teus
Onde brota o néctar de
deuses desejado.
Separa-nos uma linha invisível,
Silhueta do teu corpo em contra luz no entardecer
Que afago de memória
O sabor dos bicos hirtos e o redondo dos seios arrepiados
A memória na ponta dos dedos
A língua saboreando-te o sabor de quase mel a que sabes
Sentir esse mel na pele, a língua volteando os sabores a
prolongar o tempo...hum
Redimido de pudores...
Sem dúvida um marinheiro conquistador serei hoje
Em que te confesso as ousadias da imaginação presa.
Separa-nos uma linha leve e invisível
A transparência do vidro frio
Onde as minhas mãos escorregam impotentes sem poderem
agarrar-te
E eu caio a todo o comprimento desta cortina
Desamparado.
João Marinheiro Ineditos, Dezembro de 2012
Fotografia de Seven- www.olhares.com